domingo, 1 de julho de 2012

Futebol é business

Em 2009, após os títulos da Copa-br, a diretoria vendeu Douglas, Cristian e André Santos, desmontando a espinha dorsal dum time vencedor. O então diretor Mario Gobbi saiu-se com a frase "futebol é business", que foi ridicularizada por torcedores e mídia. Na época, concordei com a diretoria no sentido de que, muitas vezes, pouco se pode fazer quando chega uma boa proposta: jogador está louco para ir ganhar o quintúplo, empresário louco para ganhar a comissão, investidores loucos para realizarem o lucro etc. Poder-se-ia fazer um esforço financeiro tremendo para manter, mas nem sempre há grana e, as vezes, não há interesse.
3 anos depois, acho que o panorama mudou, e times como o Corinthians, raríssimas exceções feitas, não deveriam vender jogadores que encaixaram bem dos volantes para trás. Digo dos volantes para trás porque as propostas financeiras são sempre desproporcionais à importância para o time. A importância de ter um Lucas no elenco do São Paulo não é muito maior do que ter um Ralf como volante (na hipótese mais benévola; na mais realista, ter o Ralf contribui mais); ainda assim, a proposta mais alta que poderia vir para o Ralf seria uns 6 milhões de euros com 300 mil reais de salário; já para o Lucas é capaz de alguém chegar oferecendo 16, 17 milhões de euros e 600 mil de salário.
Voltando...o tema vem à tona agora com o que parece ser a já consumada venda do Castan. A diretoria deveria tentar mantê-lo, mas como tudo nesses negócios as coisas são mais complexas do que parecem a princípio. A oferta parece ser de 5 milhões de Euros (o que dá uns 13 milhões de reais) e salários de cerca de 325 mil reais mensais.
Se o jogador quer ir, é difícil segurar (diria que até não recomendável). Existe aquela história do sonho de todo mundo ir jogar na Europa - é status, um certo rótulo de "sou bem sucedido"; mas como tudo na vida aposto que a questão financeira fala mais alto. Jogar na Europa, anos atrás, significa um salto triplo carpado financeiro, ganhar muito mais do que se ganhava aqui. Hoje essas diferenças são menores. E ir para a Europa é sempre trocar uma vaga de titular garantido num grande clube brasileiro, na sua casa, perto da família, adaptado, para brigar por vaga em lugar desconhecido, frio, longe de casa. Se a grana é muito boa, cobre todos esses problemas; se a diferença é pequena...Os 325 mil do Castan lá, consideradas as diferenças fiscais, equivalem a uns 270 mil aqui. Claro, não dá para dar um salário desse pro cara do nada porque ele recebeu uma proposta; há problemas no elenco a se gerenciar, em especial para um clube que quer manter um elenco por muito tempo, com peças de reposição etc. Mas uma renovação de contrato, aumentando para uns 200 mil, e dando umas luvas parceladas (lembrando que na transferência ele ia levar quase 2 milhões de reais), acho que dá para segurar. Ninguém quer mudar de um bom emprego por pouca diferença financeira; você muda porque está insatisfeito ou porque vai ganhar bem mais. E se bem assessorado, um jogador do Corinthians que olhe para o panorama futuro sabe que pode ter tanta exposição por aqui quanto teria num clube de segunda linha na Europa.
Talvez a maior dificuldade sejam os investidores, dado que em alguns desses jogadores (Castan é um deles) o Corinthians tem um % muito pequeno dos direitos. Ainda acho que vale a pena tentar algo como comprar um % desses direitos pelo mesmo valor proposto pelo clube europeu - digamos, 30% dos direitos por 1,5 milhão de euro - para manter o investidor mais ou menos satisfeito e combinar que, se chegar, futuramente, uma proposta de uns 8 milhões de euros, vende-se o jogador. Castan tem uma convocação quase certa para a seleção após a Olimpíada, é novo, tem tudo para crescer. É um investimento viável.
Noves fora: acho que a mentalidade tem de ser essa - fazer esforços para manter. Nem sempre é viável, as vezes é quase impossível, mas tem de se tentar. Se chegar uma proposta muito acima (digamos, 10 milhões de euros e 500 mil de salário), aí não tem jeito...

ERRATA: jornais dão conta de que os direitos econômicos do Castan pertecem 100% ao Corinthians. Assim sendo, menos um motivo para vender. A avaliar a proposta financeira de salários ao jogador; pelo valor ao clube, é pouco para o melhor zagueiro pela esquerda jogando no Brasil e que encaixou tão bem.

6 comentários:

  1. pois é..lembro de uma entrevista do andres, quando da negociação do christian...ele (andres) contou que o christian apareceu com lágrimas nos olhos e disse "obrigado presidente por me liberar...esse dinheiro vai representar muito para minha familia"...como é que vc vai segurar um negócio assim?

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  2. pois é...e teve um outro diretor, quando o Cristian deu a entrevista se despedindo, chorando, falou "ele tá chorando pelos 350 mil que vai ganhar lá..."

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  3. Esse é um ponto q para mim permance muito obscuro no futebol brasileiro e mais especificamente no Corinthians.
    Como é q um clube de segunda linha na Italia, pais q passa por uma crise braba tanto na questao financeira quanto esportiva, vem aqui no Brasil e simplesmente leva um dos melhores jogadores do time economicamente mais poderoso do pais?
    Tem alguma coisa muito errada Nesse raciocinio.
    Fazendo umas contas por cima, Estudos dizem q um time q gasta 70% das receitas com folha é sustentavel.
    Se o Corinthians esta chegando a casa dos 300 milhoes/ano, o orcamento seria de 210 para pagar salario, o Q daria pra manter um elenco de 10 milhoes liquidos por mes. Considerando 30 jogadores chegaria perto dos 300 mil de media. Considerando ainda q num elenco de 30 teriam varios jogadores recem promovidos e apostas, daria para ter um elenco com uns 10 jogadores levando 500 paus e mais uns 10 levando mais de 200.
    Meu ponto é q fico muito puto ao saber q um time com muito menos bala vem aqui e escolhe quem levar e nos vemos como normal. Um Roma nao poderia ter bala parabancar uma contratacao dessa.
    Exatamente como vc disse no post, se os direitos sao do clube, a situacao fica pior ainda. Nao tem q vender e ponto. Negocia uma grana q nao deixe o cara insatisfeito e bola pra frente.

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  4. pois é...ainda mais quando "bala" estamos falando de 5 de euro pro clube e 300 mil reais de salário...se fosse 12 de euro e 700 de salário, aí beleza...acho que a mentalidade dos caras ainda é muito provinciana...talvez pensem que se der 250 mil de salário pro Castan vai ter uma revolta no elenco; tem que estruturar issao, fazer plano de carreira pros caras, mostrar que o salário é uma função do nível, idade, potencial de negociação etc...se é para profissionalizar, 'mudar o nível', tem que ser por completo. Agora, trazer cara da Europa pagando 400 pau pode, dar 300 prum cara que encaixou muito bem, de nível seleção, não...me parece muito esquema para entrar grana para empresário.

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  5. Exato.. Eu tenho uma grande confianca no trabalho dessa diretoria... A unica coisa q me deixa com o pe atras sao essas negociacoes.... Alem do buraco sem findo q e o clube social... Bando de vagabundo jogando bocha e sustentado pelos torcedores

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  6. ouvi no rádio agora que o salário é de 240 mil euros, o que dá uns 600 de reais. Se for isso é mais difícil segurar, o Castan teria de ter o maior salário do elenco (ou algo perto disso). Ainda acho que daria para tentar segurar, mas as complicações de elenco e de renovação com 300% de reajuste são mais complexas..

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