domingo, 8 de julho de 2012

O jeito de jogar a libertadores

Muita gente comentava, não sem certa razão, de que o Corinthians não sabia jogar a Libertadores. Se perdia, se descontrolava emocionalmente.
 
Em 96, o time que tinha vencido 2 vezes o Grêmio na final na Copa do Brasil no ano anterior tomou de 3 a zero em casa do mesmo Grêmio, num jogo daqueles típicos entre um time copeiro e um time mais técnico mas bem mais ingênuo.
 
Em 1999 e 2000, foi eliminado pelo arqui-rival que, novamente, era inferior tecnicamente. No primeiro jogo de 99, contra o mesmo Felipão, um jogo muito parecido com o primeiro de 96 - atacou mais, era melhor, mas perdeu para um time mais eficiente. Em 2000 a diferença técnica era ainda maior; mas no primeiro jogo, onde foi amplamente superior, conseguiu a façanha de tomar 3 gols e ganhar da diferença mínima. No segundo jogo, teve o confronto duas vezes na mão, mas se descontrolou e deixou o adversário reviver, para ser novamente eliminado nos penalties.
 
Em 2003, um time técnico, que tinha como base o ótimo time de 2002, foi eliminado de forma idiota. Ganhava de forma tranquila o primeiro jogo na Argentina contra o River até os 35 min do segundo tempo. Deixou virar, e no jogo em casa o descontrole emocional ficou claríssimo com o fatídico "pega! pega!" que ficou famoso.
 
Em 2006 talvez a maior expressão do que faltava para ser campeão: um time com Tevez, Mascherano, Nilmar, Ricardinho, Roger; mas sem defesa, com um técnico novato. Virou o segundo tempo do segundo jogo classificado, até o gol contra de Coelho, quando o emocional (do time e da torcida) veio abaixo e não teve forças para segurar um mediano River.
 
Em 2009, foi detalhe, mas um detalhe importante. Um jogo controlado no RJ, com um maracanã enlamaçado, até que um reserva mal-contratado entrega a rapadura. O tipo de detalhe que um time copeiro, pronto para ser campeão, não pode cometer.
 
Aí, 2012, Tite, esse time aí. Podemos falar de tática; que o time não sabe atacar, o time do 1 x 0, que não há opções táticas, que não joga bonito. Podemos falar várias coisas. Mas foi o primeiro time realmente copeiro do Corinthians a jogar a libertadores do jeito que tem que se jogar. Nâo se joga do jeito que alguém acha que deveria; não se joga bonito, não se dá espetáculo. Mata-mata se joga com eficiência, com concentração, com malandragem, com sabedoria. E assim o foi. Um time com uma alta capacidade de concentração, que erra pouquíssimo e explora as falhas do adversários. Faltou técnica para esse time; Alex não jogou o que sabe, Liedson estava fisicamente comprometido, Douglas fora de forma, faltavam opções ofensivas. Ainda assim, uma defesa quase intransponível e alguns jogadores com capacidade de decidir quando era preciso. Exatamente o que é preciso em um time copeiro.

2 comentários:

  1. Apesar de o Tite achar q nao, ai entra o fator sorte. Em 2010 a grande falha de planejamento amplamente antecipada era o reserva do Alessandro. Infelizmente o Capitao America se machucou e a entrada do Moacir causou a eliminacao.
    Em 2012, ninguem vai lembrar q os 2 volantes nao tinham nem reserva. Se Ralf ou Paulinho tem uma suspensao ou contusao sera q o final teria sido tao feliz?

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  2. é bem verdade...mas sem sorte não dá para ser campeão tambem, né? por outro lado, teve uma parte do "azar" contabilizado: liedson bichado, adriano fora, edenilson machucado...

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