sábado, 14 de julho de 2012

Para espantar o marasmo

Acho que o Corinthians ainda demora para engrenar no brasileirão – se é que será possível engrenar. Demorará porque ainda há definições a serem efetuadas de quem fica e quem sai, há a retomada da alta concentração (depois de cinco meses disputando uma competição que exige máximo de foco), há a chegada de reforços. O problema é que, só interessando o título, quando o time conseguir voltar a jogar em alto nível, a diferença pros líderes pode ser tamanha que impedirá uma retomada efetiva.

Entendo que haja dois motivos principais para clubes que conquistaram libertadores e copa-br no primeiro semestre relaxem no segundo. O primeiro, chamado de “relaxamento natural”, embora seja um clichê, é parte da natureza humana. Durante metade do ano todo o foco e concentração foram direcionados para um objetivo que, felizmente, foi conquistado. Quem já passou por situações semelhantes – passou numa prova difícil, conquistou uma grande promoção – sabe que isso acontece.  Junte-se a isso a reformulação do elenco e pronto, está feita a salada. Os times que chegam às finais dessas competições sofrem mais com o descasamento de calendários europeu e brasileiro. Os times eliminados mais cedo conseguem pensar suas reformulações antes; Palmeiras e Corinthians estão começando suas reformulações na oitava rodada; terão condições de estar com elenco fechado e rodando a partir da décima segunda. Contra essas circunstâncias, pouco pode ser feito para evitar essa “relaxada”.

O segundo motivo é a mentalidade. O campeão da Copa BR já tem vaga na libertadores conquistada; o da libertadores alcançou o topo do mundo (na visão da maioria) – o resto parece pequeno perto dos louros da vitória. Essa razão para cag* e andar no brasileiro dá para mudar – e acho que, pelo menos para o Corinthians, será mudada (louve-se a postura do Vasco ano passado). Há razões muito lógicas para jogar a sério o brasileiro. O primeiro é que uma competição importante (e legal) para cacete. Depois porque é longa – enrolar o torcedor por cinco meses será complicado. A decorrência disso é o risco de perda de receita – se o time estiver enrolando, o público cairá bastante. O espaço na mídia também cai. Além de tudo, tem o fato de que a melhor forma de se preparar para o mundial é estar com o time afinado e concentrado – e isso se consegue jogando, disputando uma competição. Os fracassos retumbantes de Inter 2010 e Santos ano passado nos mundiais comprovam isso (e mesmo as vitórias de São Paulo e Inter em 2005 e 2006 não são argumentos contra, pois foram vitórias que contaram com uma conjunção muito específica de circunstâncias).

A diferença entre teoria e prática é grande. No discurso, a diretoria vem acertando, pregando que a libertadores “já passou” e que agora temos o brasileiro. Se vai dar certo, só vendo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário