Gosto muito do Mano
como profissional. No seu tempo de Corinthians, eu fazia esforços para ouvir suas
coletivas, porque com frequência revelavam uma leitura correta e honesta dos
jogos. Com Tite, fomos campeões brasileiros e da Libertadores. Mas se Mano não
tivesse saído em 2010, seríamos campeões brasileiros naquele ano com alguma
sobra e as chances seriam boas de sermos campeões da Liberta também. Ainda
assim, admito que o trabalho de Mano na seleção não era dos melhores. No
entanto, foi mandado embora no mais inadequado dos momentos, no único momento em
que o time dava sinal de ganhar corpo.
Minha ressalva às
críticas exacerbadas ao trabalho de Mano é que elas carregam consigo a negação
do fato de que o maior problema do time é a falta de material humano. Até 2006,
os times do Brasil contavam com, pelo menos, 5 ou 6 jogadores em grande fase,
principais destaques de seus (grandes) clubes na Europa, protagonistas das fases
finais da Champions. O time de 2006 foi criticado pelo excesso de confiança,
soberba e farra, mas Ronaldo, Adriano, Gaucho e Kaká, para ficar só nos meias e
atacantes, eram quem eram. De lá para cá a qualidade do material só caiu. Se
Adriano, Gaucho e Kaká ainda estivessem em bom nível, quem sabe; enquanto isso,
só temos 1 nome de destaque, que por ser muito novo e não ter ido para a Europa
ainda tem muitas dificuldades de chamar a responsa quando não está na Vila
Belmiro. Os melhores times do mundo são Barça, Real, Bayern, Chelsea, talvez
Manchester United, talvez Juventus...quantos e quem são os brasileiros de grande
destaque nesses times?
Agora, às opções ao
posto.
Muricy tem tudo para
ser um desastre total. Já mudei a minha opinião a seu respeito, porque contra
fato (títulos) há poucos argumentos. Mas se ele tem qualidades, elas são o
oposto do que é necessário para ser bem sucedido numa seleção. Seu trabalho
aparece com repetição, insistência, com tempo de casa. Nos seus tempos áureos de
São Paulo, fazia primeiros semestres ridículos para fazer o time jogar do seu
jeito no segundo semestre (mesmo o elenco do São Paulo mudando pouco de ano para
ano). É especialista em pontos corridos, quando os mesmos 3 pontos de ganhar um
clássico valem os 3 de bater no Figueirense em casa. Em mata-matas, vai muito
mal, se levar em consideração a qualidade dos times que tinha na mão e o baixo
percentual de títulos nesse estilo. Ainda no São Paulo, teve 4 vezes o suposto
melhor time do Brasil jogando a competição e foi eliminado em todas por
brasileiros. Nos últimos anos, disputou 7 x a libertadores com times fortes
(considerando o ano que teve 2 oportunidades, com Flu e Santos) e só ganhou 1 -
contando com Neymar inspirado resolvendo jogo sim jogo não. Dar na mão de um
cara sem muito jogo de cintura e cujo maior ativo é, na base da repetição,
acertar a zaga e achar alguma forma de resolver na frente, um grupo com 2 dias
para treinar antes de entrar em campo é a receita mais provável do fracasso. Mas
talvez enquanto ele não for para lá nenhum outro técnico vai ter sossego da
imprensa.
Tite é outro que
mudou minha opinião pelos resultados - não pelo que vejo dentro de campo. Mas
aqui, antes de qualquer análise, como corinthiano o problema é outro - do ponto
de vista político, a melhor saída é dificultar ao máximo a saída de Tite se essa
for a vontade da CBF. O motivo é simples: quando Mano saiu em 2010, não foi bom
para o clube; foi uma jogada política, uma concessão de bom grado feita à CBF e
ao próprio treinador. As relações entre clube e CBF estavam se estreitando e
viram ali uma oportunidade. Mas para o clube foi péssimo - vide o estrago que
Adilson fez. E com o passar do tempo sobrou porrete para cacete; jornalistas
criticaram a "corinthianização" da seleção, como se fosse positivo para o time o
ótimo técnico que tinha ter sido cedido. O tempo passou, as relações azedaram, e
agora a seleção que se vire. Até porque as chances de Tite fazer um bom trabalho
também não são grandes...Uma outra alternativa é mandar Tite e pegar Mano de
novo, o que não me desagrada. Mas hoje seria trocar o muito certo pelo um pouco
duvidoso.
Na minha opinião a
melhor alternativa é Felipão. Eu sei que desde a última copa ele não ganha
(quase) nada. Mas tentou coisas diferentes; levou Portugal à final da Euro, foi
o primeiro da lista de fritados no Chelsea, foi ganhar dinheiro no fim do mundo,
e ficou um tempo no moribundo Palmeiras. Ainda assim, o título da Copa do Brasil
mostra que ele não esqueceu como transformar um bando em uma equipe competitiva
em embates decisivos de tiro curto. A tão pouco tempo da Copa, acho que é a
melhor solução que temos.