quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Futebol de verdade

Por conta de assuntos mais “urgentes” na semana passada, acabei não postando sobre isso, mas tive a chance de ver bons pedaços de Milan x Barça e Real x Juve. Tinha curiosidade de ver como o Barça estava jogando com Tata Martino e como o Real estava jogando depois da saída do Mourinho.
No time catalão, depois de ter visto alguns jogos pós Guardiola, fica a certeza de que o Barça nunca mais será o mesmo daquela fase. Aquele estilo de jogo não veremos mais, mesmo que continue sendo um time tecnicamente fantástico. Neymar parece que se intimida um pouco com Messi, e conseguir operar um time com os dois rendendo o máximo que podem é um desafio abissal, para o qual não sei se Tata está preparado. Jogando ali isolado na esquerda (numa função que qualquer Pedro pode desempenhar bem), Neymar consegue ser um baita jogador, mas nunca ocupará de fato o lugar de melhor do mundo que um dia poderia ocupar. Para isso, como ressaltou Cesar Luis Menotti e como já falávamos na época do Muricy no Santos, ele precisa aprender a jogar em outras faixas de campo. Felipão o tem forçado a flutuar mais pelo meio na seleção, e tem se saído bem. Agora, essa faixa de campo é de Messi. Além de Messi ser Messi, todo o esquema do Barcelona dos últimos 4 anos foi montado liberando-se essa faixa de campo para o argentino movimentar-se à vontade. A diferença de produção de quando Messi não está em campo é brutal (vide as quartas da Champions contra o PSG), não só pq o argentino é f*, mas porque o esquema perde a razão de ser. O que nos leva a uma pergunta: embora Neymar não tenha custado tão caro, fazia sentido contratá-lo? Na disposição tática em campo, me parece que Tata Martino (ou qualquer técnico que assumisse o Barcelona) ficará refém do que deu muito certo no passado. Dani Alves aberto na direita, Neymar aberto na esquerda, Iniesta e Xavi fazendo o meio, Alexis Sanches como falso centroavante que também tem liberdade para flutuar, e uma linha quase de 3 atrás. Só que a dinâmica de toque de bola e movimentação não é a mesma, pois Guardiola não está mais lá. Tudo indica que haverá times na Europa jogando mais bola do que o Barça esse ano, de novo...

No Real, como Ozil saiu, o esquema também mudou. Ancelloti lança mão de um 433 meio esquisitos, com 3 volantes (talvez 2 semi-volantes) e sem o meia de ligação. A qualidade do plantel, a marcação adiantada e o fato de ter CR em campo dão produção ofensiva, mas a disposição tática não me agrada. Há a opção (que de fato dele usou no segundo tempo de jogo) de tirar Benzema, que não joga nada faz tempo, jogar o CR para a referência, deslocar Di maria para a esquerda para jogar Bale na direita, função que fazia no Toteham. Hum, mudar o time inteiro para colocar o Bale? Aliás, se dá para questionar a contratação do Neymar, a do Bale é de lascar – numa função já muito bem executada por Di Maria, qual o sentido de gastar os tubos e fazer a contratação mais cara da história? Enfim, também acho que não há motivos para achar que o Real chegará mais longe esse ano do que ano passado.

Um time que vem jogando muito bem é a Juve – agora com Carlitos no ataque. Não é time para bater o Bayern, por ex, se o Guardiola conseguir lidar com as resistências, mas já era um time que dava trabalho ano passado e melhorou. No jogo contra o Real, não fosse a expulsão exagerada do Chiellini era jogo para dar briga boa até o fim. Veremos no jogo de volta em Turim...

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Empate, chato, de novo

Sou tomado de uma preguiça avassaladora ao pensar em escrever sobre os jogos do Corinthians...mas vamos lá. Fizemos um bom primeiro tempo – com a combinação daquela já comum disposição acima da média no começo do jogo com um desempenho técnico individual de alguns jogadores (notadamente Sheik e Diego Macedo), fomos bem superiores ao Santos no primeiro tempo. Duas ressalvas. A primeira é o parâmetro: em outros tempos esse primeiro tempo seria considerado apenas razoável. A segunda é que mesmo sendo superiores não criamos muito; aos 30 do primeiro tempo o comentarista falava da superioridade, mas além do gol só tínhamos tido aquele chute do Sheik que o Aranha quase faz besteira.
Tanto é assim que não foi difícil pro Santos, um time tecnicamente sofrível e que taticamente não faz nada além do beabá, tomar para si o domínio do jogo, empatar e só não virar porque Walter é de fato um ótimo goleiro. No fim foi um jogo meio monótono – fiquei zapeando sem dó pro jogo do Inter, que estava muito mais interessante. Blá blá blá – nada de muito mais interessante a falar. Se havia alguma expectativa de pegar liberta no Brasileiro, ela se foi com as vitórias de Vitória e Goiás ontem. E com esse desempenho de comemorar empate contra um time fraco jogando em casa, já estamos careca de saber onde esse time (não) vai chegar...que venha 2014.

- deixar Pato no banco foi obviamente uma punição. Ok, concordo. Colocar Danilo quando RA ia sair é a continuação forçada da punição, um pouco sem sentido. 10 minutos depois com o time não conseguindo se encontrar, Tite decidiu mudar de opinião.
- só o técnico do Santos ainda não sabia que para parar o Corinthians é só colar alguém no único meia que Tite comumente escala para jogar. Precisou esperar o intervalo para perceber isso, colar Arouca no Douglas e tomar para si o domínio do jogo.

- off topic: há situações nas quais o técnico tem pouca culpa. O Inter fez um bom jogo contra o São Paulo, finalizou muito, meteu umas duas bolas na trave. Mas tomar dois gols em penalties totalmente infantis deve deixar o técnico espumando de raiva.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Como previsto

Dito e feito. Ontem só se falou da m* que Pato fez. Em 3 programas esportivos de rádio e TV que peguei de passagem, a enquete era “Pato deve ficar no Corinthians?”. Muitos acreditam que não. Como se num negócio (sim, futebol também é negócio) joga-se fora 40 milhões de reais por conta de um evento. Como se, caso Pato fique, mude-se o técnico, no Palmeiras x Corinthians do Paulista ano que vem ele fizer 2 gols, a mesma torcida apaixonada e burra que hoje credita toda a culpa nas costas dele não vai achar o cara o máximo. Veja bem, pelo último post não se pode ter dúvidas de quanto abomino a decisão dele de ter tentado a cavada. Mas o lance é que quase não se falou sobre:
- o Grêmio foi muito superior nos 180 minutos. No jogo do Olímpico, o Corinthians não deu um chute a gol.
- O Corinthians tem 4 gols em14 jogos. Os 4 de bola parada.
- O desempenho do time nesses 14 jogos não é para brigar por rebaixamento; é para rebaixar com sobras.
- Tite entrou para empatar e não perdeu por sorte. Quis levar para penalties sendo que do outro lado havia Dida. E parece que os pênaltis não foram treinados corretamente. Ou alguém orientou os cobradores que contra Dida não se tenta colocar a bola? 3 batedores (incluindo Pato) erraram batendo de forma estrategicamente errada.
- Falando em penalties: Tite tirou Douglas e Guilherme  (dois batedores) enquanto Renato pos Elano justamente para bater.
- Outra vez Sheik entrou e foi expulso com 10 minutos em campo.

- Danilo entrou, erros 3 passes e errou o penalty.
- Do meio pra frente, nos 90 minutos, todo mundo no Corinthians foi muito mal. Ainda acho que Pato foi o menos horrível, foi o único que ainda tentou algo aqui e acolá.
- Sheik passou de ídolo a fanfarrão. Romarinho de aposta e talismã para pereba. Danilo de pensador, frio para véio cansado. Guerrero de ídolo do mundial a Souza 2, que nao consegue segurar uma bola na frente. É uma conspiração dos Deuses? Quem está no comando dessa p* toda?

Mas, esqueçam; o que interessa é discutir se Pato deve ficar ou não no clube. Aliás, interessa para quem mesmo discutir isso?

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A cag* do Pato

Pato podia ter perdido o penalty, batendo mal, como Danilo, ou batendo horrendamente, como Edenilson. Poderia ter isolado. Torcida e imprensa iriam cornetar, afinal, 40 milhões, blá blá blá.  Ele só náo podia ter feito o que fez. A decisão de Pato de tentar uma cavadinha naquele penalty foi das coisas mais burras que já vi alguém fazer no futebol. Pelos motivos:

- Tecnicamente: cavadinha pode ser um bom penalty contra goleiros que tentam adivinhar o canto e pulam antes. Dida não estava adivinhando, estava esperando até o último instante para pular (assim como fez Walter, assim como faz Cássio, assim como fazem todos os goleiros bons e com envergadura, no melhor estilo Goigochea de pegar penalty mal batido). Contra esse estilo de goleiro, bate-se forte num canto escolhido e o goleiro que se vire para alcançar. De fato, quando Elano bateu seu penalty, pensei “até que enfim alguém entendeu como bater penalty nessas circunstâncias”.

- Jogo de perde-perde. Não havia vantagens em bater assim. Mesmo que ele fizesse o gol, ainda todo mundo iria pensar “que cara irresponsável, no último penalty, o time nessa ziquezira do cacete, o cara vai e me faz isso”; ninguém ia pensar algo do tipo “o cara é f*, baita sangue-frio” ou coisa do tipo. Ou seja, ele só tinha a perder fazendo o que fez.

- Imagem: Pato é longe de ser unanimidade entre a torcida. Uma boa parte acha que ele ainda não provou nada, que é entojado, playboy. Boa parte não entende também a culpa do seu baixo rendimento no esquema. Mesmo eu que defendo Pato e acho ele um ótimo jogador aceito o fato de que, na sua carreira, ele ainda precisa provar muita coisa para ser considerado craque ou qualquer coisa do tipo. Nesse momento, fazer o que fez só dá mais razão para os seus críticos e deixa seus defensores (como eu) com cara de b*nda. Prova o quanto ele é imaturo e sem noção de realidade.


- Mas o pior de tudo, de longe, é que, com o time nessa fase, todo perdido, sem esquema tático, ele chama para si uma responsabilidade que não é e não deveria ser dele. Hoje e nos próximos dias, náo falaremos de mais um péssimo jogo que o time fez, que mais uma desculpa (motivação no mata-mata) se esvai para o mau futebol, de mais um jogo sem gol (na verdade sem nenhuma chance criada), que o natural seria ter perdido no tempo normal (náo fossem os 2 gols perdidassos por Vargas e as outras defesas de Walter), que Tite se contentou em torcer loucamente para o Gremio não fazer gols e levar pros penalties e de quão vergonhoso isso tudo tem sido para o Corinthiano. Esqueçam isso. Falaremos só da m*rda que o Pato fez. Obrigado por essa grandissísima cag*, Pato.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Nota pré-jogo

Eu não começaria com Renato Augusto. Dado que ele não deve aguentar o jogo todo, deixaria para o segundo tempo. Começaria com escalação idêntica à do jogo de sábado. Alessandro e Edenilson fazendo a direita - Alessandro quase como um terceiro zagueiro. O primeiro tempo desse jogo deve se parecer muito com o primeiro tempo do jogo de quarta passada. O Grêmio não vai se expor logo no começo; deve jogar sua estratégia de buscar um erro nosso para fazer seu gol. Se tomar um, sabem que será muito complicado. Jogo amarrado por jogo amarrado, não fizemos um primeiro tempo ruim semana passada, que com a entrada do Pato no lugar do Sheik na frente pode dar alguma vantagem na parte ofensiva, em especial no movimentação mais incisiva, dando oportunidade para tabelas com Romarinho na esquerda e para enfiadas do Douglas. Se o plano de jogo se confirmar e virar 0 x 0 pro segundo tempo, entra o Renato, para aproveitar os espaços que o Grêmio, jogando em casa, deve dar, um adversário mais cansado e ainda fica em campo para bater penalty.

Sheik deve ficar no banco enquanto Romarinho continua. Se for isso, concordo. Romarinho (exceção feita ao segundo tempo nesse mesmo jogo contra o Grêmio) não vem desempenhando mal quando atua pela esquerda; marca mais também. Sheik vem se comportando muito mal; atrasa-se para treinos, força cartão e se sente dono no time. É mais decisivo, mas até por isso é bom guardá-lo para uma correria no segundo tempo (até porque entra mais mordido quando amarga um banco).

Boa sorte a nós todos.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Comentários

Como o horário das 16h está sempre meio disponível para ver jogos, e ontem não tinha Corinthians, fiquei zapeando entre o Grenal e o jogo do São Paulo.
- Não sei se foi aqui no blog ou comentando em outro que falei que Santos e Flamengo são os exemplos de quando a coisa ainda muito mal taticamente, é preferível um qualquer um fazendo o feijão com arroz do que um técnico bom mas que está perdido. Podemos por o Inter nessa conta, que passou a jogar melhor depois a saída do Dunga.
- Mas se em vez do qualquer um você ainda troca de técnico por um também competente, aí a coisa pode melhorar e muito. Exemplo claríssimo disso é o SP. Não sou dos que acha o Muricy o maior gênio da história recente do futebol. Mas consideradas qualidades e virtudes, é um dos melhores técnicos no Brasil hoje. O São Paulo tem um elenco limitado; ontem era Ganso e + 10 jogadores entre ruins e medianos. E o time foi amplamente superior ao Bahia até o Denílson fazer a besteira que fez. Não fosse o Cássio, teríamos tomado um baile de dar dó no clássico. E são o vice-lider do returno nesse campeonato niveladíssimo por baixo. Comparar esse desempenho (e nem falo de pontos, porque o São Paulo teve uns6 pontos perdidos meio no “azar”, tomando gols no último minuto, perdendo penalties etc) com o nosso só mostra o tamanho da nossa desorganização tática.
- O Grêmio é um time aguerrido, marcador, com imposição física. Quando está armado para se defender, o faz com muita qualidade. Mas tem muitas dificuldades para produzir ofensividade (alguma semelhança?). Dá para levar essa classificação na quarta, a despeito de toda a nossa inoperância. Com Pato e Renato em campo, aumentam muito as chances de um golzinho meio achado, como foi no sábado. Renato chuta bem de longe, é alguém para dividir com Douglas ou Danilo a tarefa de enfiar bolas, e Pato se movimenta com mais incisividade na frente e é o melhor finalizador do elenco, a despeito do que pensam alguns torcedores. Fazer um gol lá é quase garantia de classificação, porque dificilmente tomaremos 2 desse Grêmio. Outra chance não desprezível é haver um novo 0 x 0 e ir pros penalties, quando Cássio fará muita falta.

- Alex é banco no Inter e nem é considerado uma das primeiras opções nas trocas. Seria jogo trazê-lo de volta? 

domingo, 20 de outubro de 2013

1 x 0 - A vantagem de fazer poucos é que quando eles saem, são mais comemorados!

De novo, deixando de lado todos os problemas táticos titeanos e o contexto, e o que ele tinha a disposição, gostei da escalação. E os jogadores com o rabo a prêmio por terem bancado tite correram os primeiros 15 minutos como loucos. Muito mais na empolgação do que na organização tática, o time amassou o Criciúma no começo, criando umas 4 oportunidades (embora nenhuma clara). Aí Argel segurou os laterais, acertou a marcação, e o jogo virou aquele combate de meio-campo a que tanto estamos acostumados – só quebrado por aquele lance em que Douglas, quase na pequena área, isolou de forma tosca. Vem o segundo tempo e Tite faz a melhor troca que poderia fazer – sai Alessandro, Edenilson volta para a lateral e entre RA. Só que o posicionamento era Pato indo para a direita marcar gandula e Renato jogando enfiado, pq já jogou assim uma ou duas vezes na Alemanha...náo da 10 minutos para Tite mudar de idéia e desinvertê-los. O comentarista do PFC tinha cantado a bola no primeiro sobre algo que estava mesmo muito esquisito: se Pato é o melhor finalizador do time, por que ele era quem batia faltas e escanteios? Ora, num time com Douglas, Romarinho, Guilherme, ninguém consegue bater minimamente bolas paradas a não ser Pato? Na segunda bola que Pato foi para área esperar o cruzamento, 1 x 0 Corinthians. E a partir daí o time se posicionou atrás e viu o Criciúma ter pelo menos 3 boas chances de empatar. Ao contrário do que podem pensar, só não estamos mais atrás na tabela porque, no geral, temos dado mais sorte do que azar, diferentemente do que times na mesma fase do que nós costumam ter. Olhando a tabela desde esse jogo até o fim, essa era a vitória mais básica que poderíamos ter. Pelo menos a lição de casa foi feita.

- Romarinho entrou no clima do Sheik: forçou um cartão amarelo ridículo para ficar fora do jogo contra o Santos.
- Walter foi pouco exigido mas mostrou confiança. Boas saídas do gol e reposições mais apuradas. E tem porte, coisa que falta em JC e Danilo.
- Todo mundo que entra na função de atacante aberto joga mal: Sheik, Romarinho, Pato. Só RA parece ir bem nessa função no pouco que joga. Agora, Douglas e Danilo se revezam para ver quem vai mal em cada jogo na função de único armador. É uma pane técnica geral? É culpa do posicionamento. Tite falou nuns 2 ou 3 programas que assisti que a saída de Paulinho seria compensada pela diferença de características entre Guilherme e Edenilson: se o primeiro era mais passador, Edenilson era mais infiltrador (em relação ao Alessandro), o que compensaria a saída de Paulinho. Ele só esqueceu a diferença de faixas de campo. Paulinho, por sua qualidade técnica, características de jogo e imposição física, formava com Danilo, em alguns momentos, quase uma dupla de meias. Se Danilo estivesse muito marcado, sobrava espaço para Paulinho; se o meio adversário se preocupasse com Paulinho, Danilo conseguia jogar sem sobra. Lá se vão quatro meses e nosso técnico ainda não percebeu isso. Vamos ver quantos outros jogadores do time se queimarão por problemas táticos.

- Todo mundo que entra no time do meio para frente vai mais o menos mal. É sempre a disputa para ver quem está menos pior. O Corinthians só é o segundo pior ataque da competição. O nível de produção ofensiva é ridiculamente baixo. Mas a culpa é do Pato...(ironic mode on). O último jogo com vitória e gol foi com ele em campo. Ontem o gol foi dele. É o artilheiro do time no brasileiro. Seu % de gols por minuto jogado é semelhante ao dos artilheiros dos times da frente da tabela. Mas a culpa do ataque ir mal deve ser dele...

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O clamoroso equívoco de manter Tite

A imprensa dá conta de que, ouvido o elenco, a diretoria decidiu manter Tite. A decisão é equivocada por diversos motivos.

Comecemos pelo começo: o momento de ouvir o elenco já foi faz tempo. Esse momento poderia ter sido (como parece que foi) depois do jogo da Portuguesa. De lá para cá, apenas no jogo sequente (Bahia) o time mostrou um pouco mais de disposição, e depois o desempenho de série B permaneceu. O momento de mostrar quem está no comando está há muito atrasado – falta é pulso da diretoria. Um chefe ser querido pelos funcionários pode ter alguma correlação com resultados, mas não é uma relação necessária. É compreensível que o elenco prefira Tite a uma novidade; o que não é compreensível é que a diretoria eleja esse como critério principal para a decisão.
Tite não é gênio nem besta. É um técnico competente que encaixou um belíssimo trabalho entre 2011 e 2012 no Corinthians. Seu ciclo, claramente, acabou. O Corinthians, que tem, na minha opinião, o melhor elenco do Brasil, não jogou futebol em 2013 sendo que faltam 45 dias pro ano futebolístico terminar. E numa análise racional, de quem assiste  todos os jogos do time (e não como a maioria dos comentaristas, que comenta no programa pós-rodada vendo os melhores momentos), não jogou bola porque o o time sentou em cima dum modelo tático que funcionou há um ano e meio e passou 60 jogos tentando repeti-lo. Uma a vez a cada seis jogos dava mais ou menos certo e os caras pensaram “tá vendo, dá certo!!” e continuavam insistindo nos próximos cinco. De quem é a culpa disso? De várias pessoas, inclusive da diretoria que não tomou as rédeas nas mãos. Mas em especial do comandante técnico, e nesse caso, é Tite. Já listamos quais seriam as falhas dele várias vezes no blog. O resumo da minha crítica é: Tite não conseguiu se reinventar no comando no time. Tinha várias críticas ao Mano, mas nos 3 anos que ficou à frente do time, ele mudou umas 3x o jeito do time jogar de acordo com as peças que tinha à sua disposição. Talvez o fato de Tite ter sido tão vencedor tenha criado uma armadilha da qual ele não conseguiu sair.
Não há motivos para manter Tite. Parece evidente que ele não fica em 2014. Se for assim, não é melhor trazer já o próximo técnico, para que tenha mais tempo de conhecer o grupo e planejar? Ok, a prioridade é não cair. O desempenho do returno mostra que Tite tem sido incapaz de produzir um desempenho que nos faça escapar – um novo técnico seria o fato novo, traria ânimo e corrigiria ao menos os erros básicos mais primários que um ténico antigo, de tão acostumado, não consegue (coisa que o próprio Tite fez em 2010). Ok, tem a copa do Brasil. Vale a mesma coisa que falei sobre o rebaixamento.

A única explicação para a manutenção de Tite é: se ele está perdido, a diretoria está ainda mais.


Obs: ontem, numa conversa sobre o assunto, manifestei que Tite tinha que sair e foi ´zoado´por dois colegas torcedores de times rivais. Aqueles argumentos maria vai com as outras que temos ouvido tão frequentemente na imprensa “é um abusurdo, ano passado era gênio, agora é burro?” ou “só no Brasil é assim, imagina na Europa”. Pois é. Quem é incoerente é quem usa esse tipo de argumento. Porque quem acha Tite gênio porque conquistou o que conquistou, põe na conta do treinador boa parte dos méritos do time, correto? E agora quando o time vai horrorosamente mal, a responsabilidade não é dele? Ao melhor estilo Luxemburgo: eu ganhei, nós perdemos...Outra coisa: o técnico é o responsável (desculpem a obviedade) técnico pelo time. Tite nem está entre os mais bem pagos e deve ganhar lá seus 400 pau por mês. Como todo profissional de alta performance tem que mostrar resultado todo semestre. Não há gratidão, “confiança” em que possa voltar a fazer um bom trabalho que dê jeito numa cag* do tamanho de ser rebaixado. Um CEO da empresa que der prejuízo num ano em que a economia bombou vai ser poupado porque “é um grande profissional”? Um corredor de f1 que fizer uma temporada horripilante com o melhor carro vai ter seu contrato renovado porque “já foi bom”? Rendimentos passados não são garantia de rendimentos futuros. E abaixo a babaquice.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

1 x 0 (ao menos o zero do nosso lado do placar dá para manter sempre...)

Esqueça o contexto, toda as minhas desavenças táticas com Tite; dado o desempenho do segundo tempo contra o SP, achei a escalação de hoje razoável e tive um fio de esperança que o time pudesse ter um desempenho minimamente elogiável. E, de fato, acho que o time fez um primeiro tempo ao menos razoável. Bem postado, marcando em cima, dando pouquíssimo espaço para o Grêmio articular jogadas (não que eles precisassem de muita resistência para não conseguir armar jogadas, dada a formulação tática do Renato) e tendo as melhores – mas poucas – chances do primeiro tempo. Claro que ofensivamente era pouco, muito pouco. O principal problema me parecia a ocupação de espaços mais próximos ao gol do adversário. Sem centroavante, Sheik foi escalado para fazer a função de 1. Um centroavante a la Barcos faz a parede e o pivô para a aproximação do resto do time; um jogador a la Pato tem como alternativa se enfiar no meio dos zagueiros parar correr atrás duma bola. Sheik tem como cacoete buscar a bola antes dos zagueiros e conduzi-la de lado, de modo que quase sempre a linha mais adiantada do Corinthians estava antes da intermediária gremista. Fica muito mais difícil construir assim. Estava quase decidido a ir dormir no intervalo quando aquela bola enfiada do Douglas me deu alguma esperança e decidi assistir um pouco mais.
O problema desse jogo muito encaixado de marcação é que o gol só sai num erro de alguém, e esse erro sempre pode ser nosso. E foi justamente no que entendi como uma dormida do Cléber que Barcos fez 1 x 0. A partir daí, show de horrores. É patético ver um time que não sabe e não está acostumado a atacar tentar fazer pressão no adversário; nenhuma  organização, erros técnicos. E se Tite, que até então, apenas nesse jogo específico, talvez não merecesse nenhuma crítica mais contundente, decidiu mostrar porque seu lema em 2013 é “ se não cag* na entrada, cag* na saída”. Substituições completamente equivocadas. A do Macedo pelo Rodriguinho só merece a crítica de que não mexia no principal problema do Corinthians para chegar na frente. A do Guilherme...bem, até entende-se o conceito, você buscar uma saída pelo meio. O problema é que Tite tem vivido do seu fantástico mundo de alucinações, e desconsiderou o fato óbvio de que a opção era Ibson! Quando Ibson conseguiu fazer essa transição com qualidade jogando no Corinthians? Tite cometeu o exato erro que fez contra o Gremio na Copa BR: pos Ibson e perdeu o meio de campo. Aí a última também de lascar, que fez até o são-paulino e comedido Caio a descer o sarrafo. Tite se queixou muitas vezes da falta de centroavante. Douglas tanque retornou e foi posto como opção no banco ontem. Estamos no segundo tempo, time perdendo, ataque completamente  perdido sem uma referência na frente; se você não vai usar o moleque nessa circunstância, para que levar pro jogo? Só ficou a  sensação de que o time lutou para empatar até o fim porque Cássio fez outro milagre e evitou o 2 x 0, o que já selaria o caixão bem antes. Melancólico, desesperador.
- Estou seriamente preocupado com o rebaixamento. Se o são-paulino não tem motivos para achar que já escapou com a vitória ontem contra o Náutico, porque nós, que estamos agora atrás deles, devemos ficar mais tranquilos? A água bateu na bunda e veio gelada para cacete...

- Não sabia quem ia apitar o jogo até o Gaciba fazer o comentário aos 13 do primeiro tempo. Já tinha pensado “esse juiz é bom, hein...”, no sentido de ele ter acertado todas as faltas e não-faltas até então. Arbitragem muito boa, uma lição pro Vuaden aprender o que é deixar o jogo correr sem ter um critério aloprado sobre o que é falta e o que não é.  Sandro Ricci é o melhor arbitro brasileiro em atividade; pena ter ficado marcado pelo penalty corretamente assinalado naquele jogo contra o Cruzeiro.

- Não assisto mais jogos à noite até o fim enquanto Tite for o técnico. Não sei se consigo manter a palavra no jogo da Copa Br, maaas....vamos ver.

- Chiste: teria Ferguson resistido a incrível marca de 3 gols em 13 jogos? Ou a ameaça realíssima de rebaixamento? 

- Para. Respira. Não pensa em cada. Agora volta: se alguém te falasse no começo do ano que brigaríamos para não cair esse ano, você daria risada...

domingo, 13 de outubro de 2013

Advinha o placar?

Dado o contexto e nosso desempenho recente, sabíamos que o melhor que poderíamos racionamente esperar era um ‘bom’empate, daqueles 0x0 de jogo cozinhado até o fim, sem grandes sustos. Com 15 minutos de jogo estava claro que essa era uma expectativa realista, mas que um cenário pior estava desenhado. Foi um primeiro tempo tempo de ampla superioridade tática, técnica e física do São Paulo. Foram 3 ou 4 bolas para fazer o gol - com todas as suas presepadas, estivesse o Pipoqueiro em campo talvez o Vila Sonia FC tivesse aberto uns 2 x 0 no placar. Tite escalou novamente uma dupla de laterais em cada lado, e ainda assim o sistema defensivo era uma zona. Novamente cedemos o meio ao adversário, e Maicon jogava como queria (o potente Danilo tinha como missão marcar suas saídas...). Do nosso lado, Romarinho tentava boas escapadas, mas além de náo ter quase ninguém aproximando para dar continuidade, errava os passes e finalizações. Felizmente não tomamos gol e o corinthiano respirou aliviado com o apito do juiz terminando o primeiro tempo.
Vira o jogo e o time parece um pouco mais concentrado. A inversão de Gil e PA feita ainda no primeiro tempo, junto com a orientação para Alessandro e FS não avançarem nem a pau, deram uma certa consistência defensiva. Mas a coisa mudou mesmo com a saída de Danilo, que estava se arrastando, para a entrada do Diego Macedo. Alteração que, admito, achei estranha bagarai – porque não Douglas? Fato é que funcionou com Edenilson caindo pro meio e Macedo tocando o terror pro lado do Reinaldo, que avançava mais que o Paulo Miranda do outro lado. A lição que fica é quanto é importante para qualquer desenho tático que Tite monte que haja jogadores no máximo da sua capacidade física para desempenhar. Sheik teve duas bolas para mudar a história do jogo. Na primeira pecou pela total inabilidade de usar a esquerda até para subir no ônibus (como pode um jogador profissional não conseguir chutar minimamente com uma das pernas?). Na segunda teve até tempo para ajeitar o corpo e bater de chapa, mas por alguma razão desconhecida do universo ele decidiu dar um peteleco com a parte de fora do pé e o chute foi aquele traque de festa junina. E aí, o penalty...primeiro, náo foi. No critério do juiz, aquele tipo de contato náo foi falta em boa parte do jogo; ele decidiu mudar num penalty aos 43 do segundo tempo? Depois, Caaaassssio!! Já tinha salvado o emprego do Tite tantas outras vezes, e em algumas no primeiro tempo desse mesmo jogo. Mas essa do penalty foi fenomenal, ainda mais por ver Rogério perdendo, o cara mais arrogante do futebol nos últimos e que deveria estar aposentado há aos menos uns 2 (sorte nossa que náo está). No fim foi o acaso e o belíssimo goleiro que temos, que falha aqui e acolá mas cresce muito nos momentos importantes, que garantiram alguma alegria no domingo.
- Na quarta, Alessandro tomou um cartão aos 2 min de jogo. Fiquei p*to, porque quase nunca juiz dá cartão nesse começo e nem foi uma falta tão dura. Quantas vezes vemos times vindo jogar no Pacaembu, fazer 15, 20 faltas antes de tomar o primeiro cartão? As 2 ou 3 vezes que vi algum jogador tomar cartão tão cedo foi algum corinthiano. Pois bem, hoje Rodrigo Caio quase arrancou a perna do Romarinho aos 3 minutos, lance para ser expulso. Nem amarelo tomou.
- Diego Macedo demonstrou qualidade e personalidade. Boa aposta pro ano que vem, embora Tite, para se salvar, vai jogar por agua abaixo toda a sua “coerencibildiade” e deve usar o cara bastante nesse fim de ano.
- Guilherme desfilou em campo; jogo seguro e com muita qualidade.
- Nunca pensei que fosse sentir falta do Fabio Santos.

- Não nos enganemos: o rebaixamento é uma possibilidade real. Faltam 10 jogos para fazermos 8 pontos. Dificilmente ganharemos mais do que um jogo. Nesse aspecto, o empate de hoje foi importante. Perder hoje e deixar um adversário passar a nossa frente seria desastroso. Já passou o tempo de termos expectativa de jogar bem, vencer, ter planos no campeonato. Hoje, é fazer as contas para não cair e contar com um 2014 melhor.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Há 2 anos e meio

Ontem tava bundando em casa e passeei pelos canais do ppv para ver se tinha algum jogo interessante; em um dos canais tava passando um compacto de Corinthians x São Paulo no primeiro turno do BR 11, aquele fatídico 5 x 0 que foi bem na primorosa arrancada de 9 vitórias – o que, é sabido, foi o que nos garantiu o campeonato. Por conta das discussões táticas recentes, fiquei assistindo – seria legal lembrar in loco de como o time jogava, com esse esquema 4231, e que deu tão certo lá atrás e tem dado tão errado agora. Alguns fatores ficaram evidentes:

- questão física: era impressionante o padrão físico do time. Fora da liberta cedo, só disputou paulista e entrou voando no Brasileirão. Em alguns momentos parecia que o time se posicionava mais à frente, pois Willian e JH, os abertos, guardavam menos posição e apareciam mais no meio e dentro da área. Só que 3 minutos depois você via o JH tirando uma bola na lateral dentro da nossa área, o que mostra o vigor físico que o time tinha para cumprir esse padrão. Mesmo Danilo, 2 anos mais novo, era fisicamente outro – visivelmente com mais velocidade e maior imposição física naquelas protegidas de bola que ele costuma dar.

- Jorge Henrique: não é e nunca foi craque. Mas talvez não tenha havido no histórico recente do futebol brasileiro jogador cujas características permitam que desempenhe tão bem o papel de marcador de gandula do qual Tite tanto gosta. Veja bem: desde 2011, nos vários momentos em que Tite usou o 4231, os abertos eram sempre JH e mais um – sendo que esse outro um nunca foi unanimidade. Tite tentou Dentinho, depois Willian, Sheik, mas unanimidade mesmo nessa função só JH. Interessante  também notar que o declínio físico de Liedson possibilitou, na reta final da Liberta 12, Tite mudar o esquema e resolver o problema de Sheik – ele nunca funcionou do mesmo jeito que JH, mas no novo esquema ele flutuava mais à frente e não precisava acompanhar o lateral até o fim, enquanto Danilo e Alex povoavam mais o meio de campo e Castan dava uma cobertura monstra pro Fabio Santos. Tite achou que podia dispensar JH (o que acho que fez certo), só não notou que ele era peça fundamental se ele pretendia manter o esquema tático.

- Liedson: enquanto tinha joelhos, Liedson jogava umas 6x mais do que Guerrero joga. Não falo só do papel do centroavante (alguém lembra o terceiro gol desse jogo, uma bola que o Danilo enfia da direita, Liedson com a matada se livra do zagueiro e com a outra perna fuzila o Rogério?), mas sim na construção das jogadas. Nesse jogo, só nos 15 min do primeiro tempo, Liedson resolveu umas 4 jogadas de primeira que davam uma dinâmica impressionante ao time. Essa recebida com um toque para alguém que vem se aproximando dava tempo para o time se reposicionar em bloco – Willian e JH vinham chegando nas pontas, Danilo e Paulinho no meio. Guerrero não sabe jogar fora da área; das bolas que recebe, perde uns 70%, e quase nunca resolve de primeira. O jogo fica parado, mascado. Entre a saída de Liedson do time titular e a chegada de Guerrero tivemos uns 4 ou 5 meses (reta final da Liberta). Guerrero chegou e Tite tentou reimplementar o 4231. 15 meses depois ele não percebeu que as características do novo centroavante não são iguais às do antigo.
- Paulinho: ok, a imprensa esportiva quis nos fazer acreditar que a saída de Paulinho tem mais importância no declínio do time do que tem de fato. Mas a falta de um jogador que se apresente com as suas características é notável. Com o vigor físico e chegada de qualidade à frente, Paulinho compunha atrás com Ralf e, quando o time ia a frente, chegava a compor quase uma dupla de meias com Danilo. Se JH e Willian abriam a defesa adversária, sobrava espaço para Paulinho se infiltrar pelo meio. Acho que Guilherme tem potencial para cumprir essa função, mas além de menos tímido, precisa ter liberdade tática para arriscar. Se for obrigado a sempre se preocupar em compor a linha de trás com Ralf antes de qualquer outra preocupação, fica difícil. A outra saída é tirar Edenilson da lateral e jogá-lo pro meio – com laterais tão limitados com o nosso, parece saudável compor uma defesa que sai menos e liberar o segundo volante.

O resumo é esse: Tite insiste em tentar reeditar o que deu muito certo há 2 anos e meio, mas com um contexto e características de jogadores diferentes.  

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

0 x 0 (o lado positivo é que eu posso dar control c control v nos títulos dos posts!)

Aos 10 minutos do primeiro tempo, bateu aquela sensação que já tinha batido em alguns jogos anteriores: eu não poderia ter nenhuma esperança(não ao menos com alguma racionalidade) de o time encaixar um bom jogo e produzir o suficiente para ganhar do glorioso Atlético Paranaense com sobras. O máximo que eu podia fazer era torcer para o time enrolar o jogo e num lance fortuito fazer o gol da vitória. Quando chega a esse ponto...Já falei que acho que o pior efeito dos desmandos táticos recentes é perdermos o tesão de ver jogos do Corithians. O segundo pior efeito é enfrentarmos um time como o Atlético PR no nosso mando e não pensarmos que há a obrigação de ganhar, porque, afinal, “é o terceiro colocado do brasileirão”. Então, nada de análise tática, do jogo etc. Só comentários para quem acha que estamos passando por uma “oscilação normal”:
- São 3 gols em 11 jogos. Os 3 de bola parada, um impedido. O último gol com bola rolando foi há 12 jogos, contra o Flamengo.
- Nesses 11 jogos, 5 derrotas, 5 empates e 1 vitória – incríveis 24% de aproveitamento.
- Dos 11, fizemos gols em 2. Significa que, mantendo a média, ao assistir um jogo do Corinthians há uma probabilidade de 82% de que você não vá ver um gol do time.

- Exceção aqueles jogos chatos da primeira fase do Paulista, não lembro há quanto tempo não acontecia de eu cogitar ir dormir mais cedo e não ver o jogo até o fim. Semana passada contra o Bahia eu cheguei a fazer, ontem eu só cogitei (e me arrependi amargamente de não ter ido).

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Cada um com seu projeto

Uma coisa no futebol e no comportamento das torcidas que costumo achar engraçado é como o torcedor, no geral, sempre acha que o elenco do seu time é melhor do que é, de fato. Então, se o time não joga, a culpa é sempre do treinador. Agora que estou plenamente convencido de que pro futuro do Corinthians seria interessante a troca de técnico, pergunto-me se não estou incorrendo no mesmo erro de avaliação que a maioria dos torcedores de outros times incorre.

Vejamos. Achava estranho a torcida do Palmeiras culpar o Felipão pela má fase do time ano passado; aliás, com aquele elenco ridículo ele foi campeão da Copa do Brasil, e talvez até tivesse conseguido escapar do rebaixamento (o desempenho de Kleina chegou a ser pior em % de pontos conquistados). Achei a decisão do Vasco de mandar o Cristovam embora errada, pois com aquele elenco limitado e envelhecido conseguiu dar continuidade ao bom desempenho alcançado pelo Ricardo Gomes e disputar ponto a ponto o título do brasileiro com o Corinthians. Mais recentemente, Oswaldo de Oliveira, que com sérias limitações financeiras e um elenco bastante limitado, pôs o Botafogo para jogar uma bola bem razoável e está disputando ponto a ponto uma vaga na liberta, tem sofrido pressões por estar enfrentando uma fase ruim de resultados. Para mim, tudo emoção de torcedor, que não consegue avaliar racionalmente o que o técnico consegue fazer com o que tem na mãos.

E os corinthianos pedindo a cabeça de Tite, não é a mesma coisa?

Primeiro, não estou entre os que consideram – pelo menos não até esse ano – o elenco do Corinthians sensacional. Acho que Tite tem muito mérito em ter feito um time do qual não se poderia esperar tanto produzir no limite do que poderia. Em 2011, Castan era apenas uma aposta e se tornou um p* zagueiro; Paulinho era apenas uma peça de reposição de Elias e Jucilei e virou o que virou; Fabio Santos era a definição do refugo e ao menos até ano passado deu conta do recado; Danilo nunca desencantou com Mano e virou a referência desse time. Ao longo de 2011, Tite recebeu Liedson, Alex e Sheik para trabalhar e o elenco se qualificou mais, mas ainda assim não era o desfile de estrelas que “ qualquer burro com sorte faria jogar”. Digo isso para afirmar que reconheço os méritos do Tite em seu trabalho desempenhado, em especial entre o brasileiro 2011 e a libertadores 2012, com a grande cartada na final do Mundial com Chelsea.

E hoje? Tenho claro que Andres, ao assumir a presidência em 2007 e começar a planejar a volta à primeira divisão, também traçou um plano de tornar o Corinthians o que ele já deveria ser há algum tempo, tivessem os outros presidentes o mínimo de competência de gestão: tornar o Corinthians o time mais forte do Brasil. Os exemplos desse planejamento são vários: fiel torcedor, construção do estádio, renegociação de direitos de TV, trazer jogadores de importância de imagem etc. O planejamento foi cumprido de forma efetiva e, agora, estamos num segundo momento: mantermos na liderança e fortalecer essa posição. Então, com todo o respeito, mas um time como o Botafogo, como o tamanho de torcida e orçamento que tem, com as limitações financeiras e de estrutura, se planeja para formar um time e, tudo dando certo, arrancar uma vaga par a liberta. E deve avaliar o desempenho do time e do técnico com essa lupa. O planejamento feito no Corinthians foi justamente para não pensarmos como o Botafogo. O Corinthians quer ser o Barcelona no Brasil, e algum outro time que se esforce para ser o Real Madri e tentar mandar também no futebol brasileiro. E é para essa nova fase do planejamento para a qual penso que, dado o andamento das coisas esse ano, Tite não é o nome. O elenco se qualificou ainda mais para esse ano; já sabíamos que Paulinho ia embora no meio do ano, que nomes como Danilo e Sheik teriam problemas físicos e de motivação; era preciso renovação, testar possibilidades, lançar jogadores aos poucos, aproveitar a base já formada e a menor pressão para treinar jogadas, variações táticas. Tite (talvez não tenha sido só sua culpa) fez muito pouco disso tudo; sentou em cima do sucesso construído e foi conservador em quase tudo. As apostas quase não jogaram; mesmo perdendo, mantivemos o mesmo padrão tático. Nem o gerenciamento de elenco, que costumava ser seu forte, virou mais – defendeu demais os que eram da sua panela (talvez por gratidão) e o tal do merecimento foi pro espaço. Provavelmente sentindo-se confortado pelo discurso ensaiado da imprensa de que “ um técnico que ganhou o que ganhou não pode estar errado”, insistiu até não poder mais nos erros com a certeza de que o erro deveria estar em outro lugar.

Se Tite sair do Corinthians e for para um clube como o Inter (provável), acho que tem tudo para fazer um excelente trabalho. É um ótimo técnico, dada a realidade do nosso futebol – no estilo de Muricy, Abel, com as suas diferenças. Não temos mais Luxemburgos – técnicos vencedores e que façam times que jogam bonito. O lance é que seu ciclo no Corinthians acabou. 3 anos é um ótimo tempo para um ciclo vitorioso. “Ah, na Europa é diferente...”. O escambau, apenas Fergurson é contraexemplo, e o Wenger (que não ganha nada há uns 8 anos...). O resto é assim também. A saída de Tite será boa para o clube e para ele. Tem tudo para construir num outro time ciclo de sucesso parecido com o que teve por aqui, até que (tudo dando certo), dois anos depois a coisa comece a azedar.

domingo, 6 de outubro de 2013

Galo 0 x 0 Corinthians - e são incriveis 3 gols em 10 jogos

Para desespero da torcida, Tite foi de Ibson no meio. Mas quase pareceu que o treinador queria nos pregar uma peça e ameaçou uma variação de 442: quando Ibson carregava a bola da esquerda pro meio, Romarinho dobrava com Guerrero na frente. De fato o time entrou bem postado, e contando com a afobação e erro de passes do Galo, dominou o jogo e até botou bola na trave. Mas durou 10 minutos; Cuca apertou na marcação no meio, isolou Romarinho, Ibson e Douglas e a partir daí um Atlético totalmente desconfigurado retomou o controle da partida. O Corinthians foi obrigado a tentar sair jogando na base na bica para Guerrero brigar com 2 zagueiros lá na frente. Com uma oscilação aqui outra acolá, foi assim até o final do jogo – um jogo sonolento, de baixa qualidade técnica e chato para diabo para assistir.
- Guerrero brigou, foi novamente ferrado pelo esquema, até que não fez uma partida horrenda. Mas já observo há algum tempo que ele, num dia normal, dá prosseguimento a uns 30% das bolas que recebe – nos outros 70% ou ele faz falta no zagueiro ou perde a bola. Tudo bem que ele estava acostumado com um arbitragem menos de volley como a nossa, mas p*, já tá no Brasil há mais de ano, será que não aprendeu ainda o que os juízes brasileiros entendem como o falta e o que não?
- Eita juizinho ruim de dar dó...Já faz tempo que esse Jailton é ruim.
- Há um % de decisões do técnico das quais você pode discordar e ainda assim achar que, no geral, ele faz um bom trabalho. Tite já estourou essa cota há tempos. E nem falo do esquema tático, da condução do elenco, de outros assuntos, falo de decisões menores de escalação. Hoje: entrar com Ibson, Alessandro na esquerda...Aí o cara vai por o Danilo e em vez de sacar o Ibson (que até tinha melhorado uns 20% no segundo tempo), tira o Douglas. Aí faz a segunda troca a que tinha direito aos 40 do segundo (com o time não jogando nada)...Só consigo pensar uma coisa: tu ta de bricatxion with me???

- Talvez o pior efeito das decisões ruins tomadas esse ano em relação a escalações, esquema tático, formação etc nem sejam os resultados, mas o fato de que assistir jogos do Corinthians está cada vez mais chato. Aquela ansiedadezinha para o próximo jogo já acabou faz tempo. Fico zapeando na TV procurando outros jogos que estejam mais emocionantes. Quando a transmissão da Globo passou o segundo gol do Cruzeiro, com 4 jogadores tabelando na frente da área, pensei “que saudade de ver um jogo de um time que joga bola...”. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Corinthians 2 x 0 Bahia

Guilherme volta ao meio e Edenilson continua na lateral; Alessandro vai para a esquerda. O mesmo 4231 de sempre e uma entrega que se confundiu com nervosismo. Com essa combinação, Tite tentou sair da fase “jogando para ser rebaixado” e retornar ao que foi o padrão de 2013 “jogando muito abaixo do possível”. De certa forma, conseguiu. Tite, ultimamente, tem poucas convicções: num jogo põe Sheik na esquerda, no outro na direita, no outro no banco. A mesma coisa com Pato, Danilo, Romarinho. As vezes põe Douglas, as vezes não. A única convicção que Tite parece ter é a que o esquema 4231 é o único possível e imaginável para se jogar futebol.
No jogo, vimos um time nervoso em demasia em campo, mas aplicado, marcando tudo atrás e tentando sair com pressa na frente. Nos primeiros 15 minutos não funcionou nada para nenhum dos lados, mas ganhávamos algumas bolas na disposição. Até que o improvável aconteceu: gol num bola aérea aparentemente ensaiada. Diferentemente  de outros tempos, a disposição continuou lá em cima e o time ensaiou uma pressão, até que em outro escanteio Cléber subiu no meio da área como há muito tempo eu não via algum jogador corinthiano fazer numa bola aérea ofensiva (esperança??). 2 x 0 e jogo encaminhado. O Bahia não teve nem vontade nem capacidade para ameaçar o resultado construído até o fim.
- as análises de jogo estão cada vez mais pobres, admito. É que eu simplesmente não tenho saco de analisar a mesma coisa toda vez e ficar criticando o que acho que está errado.Se Tite ainda tentasse coisas diferentes, a gente poderia analisar o que aconteceu. Mas taticamente é sempre a mesma coisa. Fica a possibilidade de avaliar desempenhos individuais, o que também é chato quando você acha que o esquema proporciona situações difíceis para os jogadores produzirem.
- Sheik cumprirá a terceira suspensão no campeonato. São 12 jogos na soma em que ou ele toma cartão ou está fora suspenso. Levando em conta que em alguns jogos ele ficou fora ou no banco, é uma média absurda. Quando ele levou o cartão antes dos 10 do primeiro, a parte mais sarcástica de mim pensou “bem que o Tite merecia que ele fosse expulso”, para aprender quanto dói beijo de burro...

- a vitória foi importante. Meu xará lembrou no blog do Alváro que, se o campeão da sul-americana não for brasileiro, temos chance de liberta inclusive no brasileiro. Se não formos campeão da Copa BR, é muito provável que o campeão seja Gremio, Bota ou Atlético PR. Esses 3 estão no G4, o que expandiria o g4 para g5. Se o atlético se mantiver ali em cima, teremos praticamente um g6. E estamos a 2 pontos do sexto colocado.