sexta-feira, 29 de junho de 2012

A pouca ofensividade titeana

Há um tese 'anti' rondando a internet de que o Corinthians pratlica o anti-jogo, que só sabe ficar retrancado e joga por uma bola, ao melhor estilo Chelsea. Uma parte dessa tese é explicada pelo falso domínio que o Corinthians dá aos adversários quando assim lhe convém (vide os 2 jogos contra o Santos e o primeiro tempo contra o Boca). O outro time fica com mais posse mas pouco produz, e por mais que o Corinthians ataque pouco, acaba tendo as melhores oportunidades de gol. No mais, embora longe de ser uma máquina de atacar, os números mostram que quando é para agredir o adversário, o time, meio aos trancos e barrancos, consegue resultados (na liberta, nos 6 jogos em casa, foram 5 vitórias e 1 empate, sendo o empate no único jogo que lhe era favorável). Um outro ponto seria o que aconteceu no segundo tempo contra o Boca, onde o time foi claramente pressionado, tomou o gol, mas se "safou" da derrota numa conjunção de fatores. O engraçado é a incoerência: se o Boca é isso tudo, se a bombenera é isso tudo, e ainda assim eles queriam que o Corinthians fosse lá e desse um baile de bola neles?
 
Mas a tese tem um fundinho de razão no sentido de que esse time é muito mais competente defensivamente do que ofensivamente. Primeiro porque é difícil ser expert nas duas coisas - grandes times acabam se consagrando sempre por uma das duas - e, convenhamos, esse time é espetacular se defendendo. Mas apesar disso tem muito espaço para melhorar na frente, mesmo mantendo a estrutura tática. Todo corinthiano são não acredita que o título seja favas contadas; entende que ganhar do Boca em casa, mesmo por um placar simples, não será tarefa das mais tranquilas para esse time com pouca capacidade ofensiva.
 
Muitos atribuem a baixa produtividade ofensiva ao técnico, o que também tem muito de verdade. A estrutura tática é defensiva; Tite seria capaz de deixar Messi no banco se ele não ajudasse na marcação; a primeira função de qualquer atacante é recompor, se conseguir contribuir algo na frente, muito que bem. Outro problema é a pouca variação tática; todas as vezes que o time se defrontou contra um time bem armado atrás, e tinha que fazer gols, foi na base do Deus nos acuda.
 
Mas as peças disponíveis também não ajudam. No blog do Álvaro, há muito se comenta que um "Drogba" faria muito bem a esse time. Considerações práticas econômicas à parte, a análise faz muito sentido no tocante a características de jogador. Um centroavante forte e com técnica encaixaria muito bem, primeiro porque seria uma outra opção de escape no contrataque, além de dividir com o Sheik a responsabilidade pelas jogadas ofensivas, e fazer o pivô, segurando a bola enquanto o time volta da defesa. Ajudaria muito a manter a bola mais tempo no campo ofensivo. Se Drogba é sonho; Liedson em boas condições daria conta, assim como Adriano recuperado (nem precisaria ser o Adriano da Inter, o de São Paulo e Flamengo já daria). Lembro que Tite apelou pro 460 apenas nas quartas, contra o Vasco. Até lá ele tentou com Liedson, observou as péssimas atuações de Elton no time reserva e até improvisou Willian como centroavante. Como nada dava certo, mudou o esquema.
 
Os 2 meias são lentos, mais de carregar a bola do que fazê-la correr. Danilo conquistou a confiança da torcida, mas é o mesmo que desde 2010 alterna sonolência com eficiência tranquila. Alex melhorou nos últimos jogos, mas está longe de ser o Alex do Inter que esperávamos; ainda perde muitas bolas numa região crítica e erra passes bobos. Douglas veio para ser opção, mas continua tiozinho do churrasco. Se tivessemos um meia carregador de bola com mais velocidade e pontencial de decisão (característica do Kaká, por ex; o próprio Montillo; uma ótima opção seria o Willian do Shaktar, que saiu do timão) a saída pro contrataque também seria mais efetiva, dividindo com o Sheik a responsa da "correria". Uma outra alternativa seria ter um meia mais de passes em profundidade (Riquelme, Ganso, o próprio Douglas em boa forma) para contrabalancear. Mas o que tem de melhor pra hoje é Danilo e Alex, e pronto.
 
E os laterais? Fabio Santos continua sendo, para mim (em especial depois da saída do Jacaré) o elo fraco. Mas se não compromete, é muito mais na marcação do que no apoio. Alessandro voltou muito bem, mas principalmente pelo seu poder de marcação e cobertura, porque apoia muito pouco e, quando o faz, geralmente é ineficiente.
 
Enfim, com o passar do tempo, com todas as críticas táticas que podem ser feitas, passei a achar que o Tite tem extraído desse time uma bom suco dos limões que tem. Juntando um técnico defensivo com peças que não contribuem para um estilo de jogo ofensivo, e está aí o resultado.

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