sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A culpa é de quem?

O declínio de desempenho culminou na partida grotesca que o Corinthians jogou quarta. Ontem, jornalistas de vários canais discutiam "porque o Corinthians tem jogado tão mal". As minhas conclusões são:
- ok, há um pouco de acomodação. Os títulos deram ao corinthiano a sensação de que o time era fabuloso, quando, de fato, boa parte do sucesso do time se deu a uma aplicação tática e a um desempenho físico fora do comum. A melhor fase do time em termos de sequência de bons desempenhos, para mim, foi no começo do brasileiro de 2011, aquela arrancada que nos garantiu o título (porque se dependesse do desempenho a partir da décima primeira ou segunda rodada até o fim, teríamos ficado para trás). Ora, o time tinha acabado de perder um paulista para o Santos de forma até meio deprimente, com metade da torcida torcendo pro Tite cair, e em menos de 2 meses, com as mesmas peças, tínhamos nos tornado o Barcelona brasileiro? O elenco de lá para cá se qualificou e muito, mas os melhores desempenhos - e com isso os títulos - vieram sempre de uma formação tática que, em conjunto, funcionou muito bem. Ao longo desse período sempre tivemos peças como Alessandro, FS, PA, Alex, JH, jogadores que, em diferentes níveis, estão longe de serem gênios. A acomodação leva a um desempenho físico e tático inferior, e o nível do futebol cai exponencialmente, porque sempre foi, desde o começo, fiado nesses aspectos.
- Viramos vidraça. Ora, é bem mais fácil jogar muito quando você é apenas um dos competidores. Quando passa a ser "o time a ser batido", é mais estudado, todos jogam contra você com mais atenção, com mais vontade e, pior, conhecendo exatamente seu jeito de jogar. O time, no geral, tem tido muita dificuldade de lidar com esse protagonismo. Aí passa a jogar bem pior do que jogava antes.
- Mas, para mim, no topo de tudo,o problema é do esquema. Começo com a questão: esse esquema já foi vitorioso, agora não é mais? Esse esquema foi vitorioso em 2 circunstâncias: na arrancada inicial do BR 11 e no jogo contra o Chelsea. Na arrancada, demorou um pouco até pegarem o jeito de marcar, a partir daí a coisa não engrenou tanto. No mundial, fizemos um jogo muito fraco na semi e um excelente desempenho tático contra o europeu que não nos conhecia e, como é tradicional nesse jogo, até nos desprezava um pouco. Na liberta 12, por falta de centroavante, o esquema foi outro. Guerrero chegou e até então Tite tem tentado enfiar goela abaixo o esquema com 2 supostos meias abertos. Dá certo em certas circunstâncias - contra o Chelsea, contra o Sp em frangalhos na Recopa e contra um Santos decadente na final do Paulista. Mas é ineficiente para ser um padrão geral da equipe para 80% dos jogos mais normais.
Ora, Pato ainda não disse a que veio, embora fisicamente esteja muito melhor do que no Milan (e no Milan eu vi ele fazer jogassos, nos poucos que jogava). Guerrero, que desandou a fazer gol no começo do ano, não está em fase tão ruim mas longe do seu melhor. Sheik e Romarinho talvez nas suas piores fases de Corinnthians, ao mesmo tempo. Danilo vem muito abaixo do seu nível nos últimos 6 ou 7 jogos. Edenilson, que se erra atrás compensa na frente, também vem jogando abaixo. FS, que já era ruim, mas de vez em quando acertava uns cruzamentos, não produz nada ofensivamente faz tempo. É tudo coincidência?
Para mim é evidente que o esquema que só funcionou de vez em quando agora quase nunca funciona. E mesmo nas vezes que funcionou contou muito com o fator Paulinho. Ficou muito fácil marcar o Corinthians. Na quarta, de novo, houve outros lances que demostravam de forma evidente essa questão. Num lance, Ralf está com a bola e, como não tem para quem tocar, faz o que não gosta muito: sair carregando a bola. Danilo está no meio, com um volante encostado nele e e outro na sobra. Pato está na esquerda, com o lateral colado atrás. Romarinho aberto na direita, com o lateral na bunda dele. Guerrero mais enfiado, com um zagueiro chegando toda hora com o cotovelo na sua nuca (embora Gaciba tenha visto que a primeira falta em cima dele foi só no segundo tempo) e outro na sobra. Ralf tenta um passe e, não sendo seu forte e com um gramado ruim, a bola já chega zuada no Danilo, que não domina e perde a bola. Não há aproximação. Mesmo num campo bom, Danilo teria que dominar e esperar alguém se aproximar, o que dá muito tempo dos 2 volantes que estão na sua cola chegarem. Se a bola for nas pontas, é o mesmo problema. Na esquerda, Pato ou Sheik tem que conseguir dominar (de costas pro lateral), ou driblar e sair correndo ou achar o distante Danilo no meio, uma vez que não há apoio do lateral. Justamente por isso as únicas boas jogadas que tem saído no ataque tem sido pela direita, com Romarinho e Edenilson. Tite vem batendo na tecla que com a saída do Paulinho e entrada do Guilherme, ele trocou um volante infiltrador por um passador, mas que essa troca fo compensada com a entrada do Edenilson que é mais infiltrador do que o passador Alessandro. Ele só se esqueceu de um detalhe fundamental: Paulinho era infiltrador pelo meio, área do campo que o esquema tático do time deixa praticamente deserta. Funcionava pq os meias abertos espaçavam a defesa adversária e ele entrava como surpresa justamente onde tinha espaço. Edenilson é infiltrador na faixa de campo que o adversário povoa justamente porque sabe que é por ali que o Corinthians tenta jogar. Claro que não funciona muito, embora de vez em quando, na qualidade individual, Romarinho e Edenilson consigam alguma coisa por ali. E o resto do time, no resto do campo, nada.
Tite está insistindo num esquema sem os jogadores para tanto. Pato ainda não mostrou a que veio? Ok, até eu que acredito nele reconheço. Mas é forçoso reconhecer que vem sendo escalado errado. É riículo ouvir Tite (e a imprensa concordar) que ele já foi escalado assim no MIlan. Ele jogou como segundo atacante, flutando em volta do centralizado. Imagine Tevez em 2005 (guardadas as devidas proporções) fazendo essa função que Sheik e Romarinho tentam fazer. Daria certo? Contrate qualquer um baita jogador mundial - Rebery, Robben, Cristiano Ronaldo, Neymar (não que eu esteja dizendo que Pato é do mesmo nível dele)- e, em vez de usá-lo nas suas funções tradicionais de segundo atacante com liberdade, coloquem na função amarrada do meia aberto pela ponta tendo como primeira função segurar o lateral adversário. Vai dar certo?

Não sou da turma do "Fora, Tite". Acho que é a hora da direção (talvez alguém do metiê, tipo o Edu) chamá-lo para conversar e ver o que tá rolando, se não é hora de testar mudanças na forma de jogar etc. É evidente o baixíssmo nível de produção. Se a defesa sobra, o ataque sangra. A defesa pode sobrar um pouco menos para que o ataque renda mais. Nos últimos 3 jogos, foi um gol só, e num penalty esquisito. Não dá, e não é culpa de ninguém em especial com a bola não. E com um elenco desse não dá para acreditar que quando o Renato Augusto não joga, não há solução possível para o time jogar bem.

2 comentários:

  1. Esse time não faz gol,ano passado várias vezes fomos salvos por um lance isolado do Paulinho ou do Alex. Tite é técnico de um esquema só (e agora que o esquema tá manjado,como você falou,já não somos tão imbatíveis), e o planejamento desse ano deixou a desejar. Ibson e Maldonado? Dispensar o Chicão e o JH e renovar com o Sheik? Qual foi o critério,meu deus?
    Queria ver Ralf e RA, Danilo e Douglas,Pato e Guerrero contra o grande Luverdense, pra ver no que dá. Mas acho que ele vai de Ibson e Maldonado..

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  2. No caso da diretoria, eu sempre tendo dar um voto de confiança, pq eles vem acertando uns 70% das decisões (o que no futebol é muito). As dispensas de JH e Chicão, dada as situações, eu acho que eram inevitáveis. Embora eu não seja do tipo que acha que o elenco é uma máquina e que o Tite está "subaproveitando muito", isso é, se fosse outro técnico seríamos o barcelona brasileiro, mas ainda acho que as peças disponíveis poderiam render bem mais fosse o esquema outro. Vamos acompanhando...como escrevi no próximo post, o Luverdense é o bode na sala que o próprio time criou. Se jogar bem e passar com facilidade (o que é mais do que obrigação) cria-se um clima positivo novamente

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