segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Treinero da seleção

Gosto muito do Mano como profissional. No seu tempo de Corinthians, eu fazia esforços para ouvir suas coletivas, porque com frequência revelavam uma leitura correta e honesta dos jogos. Com Tite, fomos campeões brasileiros e da Libertadores. Mas se Mano não tivesse saído em 2010, seríamos campeões brasileiros naquele ano com alguma sobra e as chances seriam boas de sermos campeões da Liberta também. Ainda assim, admito que o trabalho de Mano na seleção não era dos melhores. No entanto, foi mandado embora no mais inadequado dos momentos, no único momento em que o time dava sinal de ganhar corpo.


Minha ressalva às críticas exacerbadas ao trabalho de Mano é que elas carregam consigo a negação do fato de que o maior problema do time é a falta de material humano. Até 2006, os times do Brasil contavam com, pelo menos, 5 ou 6 jogadores em grande fase, principais destaques de seus (grandes) clubes na Europa, protagonistas das fases finais da Champions. O time de 2006 foi criticado pelo excesso de confiança, soberba e farra, mas Ronaldo, Adriano, Gaucho e Kaká, para ficar só nos meias e atacantes, eram quem eram. De lá para cá a qualidade do material só caiu. Se Adriano, Gaucho e Kaká ainda estivessem em bom nível, quem sabe; enquanto isso, só temos 1 nome de destaque, que por ser muito novo e não ter ido para a Europa ainda tem muitas dificuldades de chamar a responsa quando não está na Vila Belmiro. Os melhores times do mundo são Barça, Real, Bayern, Chelsea, talvez Manchester United, talvez Juventus...quantos e quem são os brasileiros de grande destaque nesses times?


Agora, às opções ao posto.


Muricy tem tudo para ser um desastre total. Já mudei a minha opinião a seu respeito, porque contra fato (títulos) há poucos argumentos. Mas se ele tem qualidades, elas são o oposto do que é necessário para ser bem sucedido numa seleção. Seu trabalho aparece com repetição, insistência, com tempo de casa. Nos seus tempos áureos de São Paulo, fazia primeiros semestres ridículos para fazer o time jogar do seu jeito no segundo semestre (mesmo o elenco do São Paulo mudando pouco de ano para ano). É especialista em pontos corridos, quando os mesmos 3 pontos de ganhar um clássico valem os 3 de bater no Figueirense em casa. Em mata-matas, vai muito mal, se levar em consideração a qualidade dos times que tinha na mão e o baixo percentual de títulos nesse estilo. Ainda no São Paulo, teve 4 vezes o suposto melhor time do Brasil jogando a competição e foi eliminado em todas por brasileiros. Nos últimos anos, disputou 7 x a libertadores com times fortes (considerando o ano que teve 2 oportunidades, com Flu e Santos) e só ganhou 1 - contando com Neymar inspirado resolvendo jogo sim jogo não. Dar na mão de um cara sem muito jogo de cintura e cujo maior ativo é, na base da repetição, acertar a zaga e achar alguma forma de resolver na frente, um grupo com 2 dias para treinar antes de entrar em campo é a receita mais provável do fracasso. Mas talvez enquanto ele não for para lá nenhum outro técnico vai ter sossego da imprensa.

Tite é outro que mudou minha opinião pelos resultados - não pelo que vejo dentro de campo. Mas aqui, antes de qualquer análise, como corinthiano o problema é outro - do ponto de vista político, a melhor saída é dificultar ao máximo a saída de Tite se essa for a vontade da CBF. O motivo é simples: quando Mano saiu em 2010, não foi bom para o clube; foi uma jogada política, uma concessão de bom grado feita à CBF e ao próprio treinador. As relações entre clube e CBF estavam se estreitando e viram ali uma oportunidade. Mas para o clube foi péssimo - vide o estrago que Adilson fez. E com o passar do tempo sobrou porrete para cacete; jornalistas criticaram a "corinthianização" da seleção, como se fosse positivo para o time o ótimo técnico que tinha ter sido cedido. O tempo passou, as relações azedaram, e agora a seleção que se vire. Até porque as chances de Tite fazer um bom trabalho também não são grandes...Uma outra alternativa é mandar Tite e pegar Mano de novo, o que não me desagrada. Mas hoje seria trocar o muito certo pelo um pouco duvidoso.

Na minha opinião a melhor alternativa é Felipão. Eu sei que desde a última copa ele não ganha (quase) nada. Mas tentou coisas diferentes; levou Portugal à final da Euro, foi o primeiro da lista de fritados no Chelsea, foi ganhar dinheiro no fim do mundo, e ficou um tempo no moribundo Palmeiras. Ainda assim, o título da Copa do Brasil mostra que ele não esqueceu como transformar um bando em uma equipe competitiva em embates decisivos de tiro curto. A tão pouco tempo da Copa, acho que é a melhor solução que temos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário